Valdirene e Marcelo trouxeram a gastronomia do Brasil para Esch
Descendentes de emigrantes luxemburgueses, Valdirene e Marcelo May deixaram a sua padaria no Brasil para abrir um negócio na Rue de l'Alzette.
Franziska Jäger - Jornalista
8/15/20243 min read


Valdirene e Marcelo May deixaram o Brasil para abrir uma padaria/pastelaria em Esch, a May Boulangerie & Patisserie. É no número 24 da rue de l'Alzette, que tem sido notícia pelo encerramento de várias lojas, que o casal mostra o seu savoir-faire desde junho.
Ali é possível encontrar chocolates típicos do Brasil, bolos, sumos de frutos exóticos frescos, pastelaria e refeições quentes, não só ao almoço, mas ao longo de todo o dia. Uma sala espaçosa, com paredes pintadas de azul claro, mesas de madeira e bancos estofados, convida a uma pausa.
E qual a ligação do casal ao Grão-Ducado? A família May, do Luxemburgo, emigrou para o Brasil em 1863. O trisavô de Valdirene, Paulus May, nasceu em Vianden em 1821 e era casado com Maria Lentz May, nascida na comuna de Putscheid em 1825. Paulus May morreu em Vianden em 1855, com apenas 34 anos.
Após a morte do marido, a viúva emigrou para o Brasil com os filhos a 9 de maio de 1863. Estabeleceram-se em Santa Catarina, um estado no sul do país. Nessa altura, muitos europeus faziam a travessia transatlântica em busca de melhores condições de vida.




A partir de 1820, vários imigrantes instalaram-se em Santa Catarina, muitos oriundos das zonas alemãs de Rhine-Hunsrück, na Renânia-Palatinado, e da Pomerânia, no nordeste da Alemanha. Talvez por isso naquele estado brasileiro ainda se ouça muita gente a falar alemão. Exemplo da integração alemã é, aliás, o facto de no município Blumenau se realizar o segundo maior Oktoberfest do mundo durante três semanas. E aqui também se instalou outra tradição dos alemães: o bolo floresta negra.
Família regressa às origens em 2022
Voltando à família May, Francisco, pai de Valdirene, tem agora 70 anos e vive em Joinville, Santa Catarina. Foi também ali que viveram Valdirene, o marido e os filhos até 2022.
Mas a vida do casal mudou pelo facto de o Luxemburgo permitir que descendentes de luxemburgueses tenham direito à cidadania. A notícia espalhou-se pelo Brasil, sobretudo entre quem tem antepassados do Grão-Ducado. "Claro que aproveitei a oportunidade", diz Valdirene.
O casal vive há dois anos em Tétange com os seus três filhos. O francês e o luxemburguês ainda são um desafio, mas ambos estudam os idiomas.




No Brasil, Marcelo - a mãe é polaca e o pai italiano - e Valdirene estiveram ao leme de uma padaria durante 15 anos. Agora continuam a geri-la, mas em Esch. "Sentimo-nos em casa aqui", diz Valdirene, acrescentando que naquela comuna vivem “muitos portugueses e brasileiros. Quisemos instalar o negócio em Esch e desde o início a cidade tem-nos apoiado muito”.
Os clientes chegam de todos os cantos do país. "Dizem-nos que veem as nossas especialidades no Instagram e há clientes que vêm ter connosco todos os dias", diz Marcelo.
Questionado se está surpreendido com o sucesso da padaria/pastelaria, Marcelo responde sem hesitação: “Totalmente. Nunca pensámos que os nossos produtos fossem tão bem recebidos. O primeiro mês correu bem, o segundo ainda melhor”.
A May Boulangerie & Patisserie arrancou com quatro empregados, mas agora já são 12 e quase todos têm raízes brasileiras, sendo que a maioria fala francês e luxemburguês.
E o casal já tem planos para expandir o negócio. Está a ser planeada uma filial para 2025 na Cidade do Luxemburgo.




(Artigo originalmente publicado no Luxemburger Wort e adaptado para o Contacto por Filipa Matias Pereira.)
Observação: Este artigo não possui autoria e propriedade da MAY Boulangerie & Patisserie, todo o artigo foi traduzido e publicado aqui para fins informativos.
Link da matéria original: https://www.contacto.lu/viver/valdirene-e-marcelo-trouxeram-a-gastronomia-do-brasil-para-esch/17837806.html